Curativos Inteligentes: nanotecnologia na cicatrização de feridas

Curativos Inteligentes: nanotecnologia na cicatrização de feridas
Tempo de leitura: 5 minutos

Esparadrapo, algodão e curativos adesivos, são itens comuns nas casas brasileiras. Afinal, nunca se sabe quando um curativo será necessário! Entretanto, você já reparou que estas soluções não tratam as feridas? Elas são úteis para ocultar o machucado e evitar o acúmulo de sujidades. Porém, suas vantagens terminam por aí. Mas, e se estes curativos pudessem ser inteligentes? Ou seja, promoverem o processo de cura durante o período de uso. Com a nanotecnologia, isso já é possível. Confira a seguir!  

Os produtos para curativos e demais cuidados no tratamento de machucados tem ganhado força nos últimos anos devido ao aumento exponencial de casos de feridas crônicas. Os principais motivos estão relacionados aos efeitos tardios da radioterapia, além de diabetes, úlceras e obesidade. Isso sem mencionar as enfermidades que dificultam a locomoção, no qual o paciente fica acamado por longos períodos.[1,2]

 Além disso, observa-se um aumento expressivo na realização de procedimentos cirúrgicos ao redor do globo. Por consequência, é possível notar o crescimento da incidência de feridas agudas.[2,3] Essas, por sua vez, de acordo com pesquisas, representam o maior gasto entre os tratamentos![1]


Conheça os curativos inteligentes

Considerando o aumento de casos, acrescido da constate necessidade por melhorias, os curativos passivos já não são mais o suficiente. Ou seja, não basta ocultar a ferida e impedir o contato com meio externo. É preciso ir além!

A solução para essa demanda são os curativos inteligentes. Isto é, além das funcionalidades tradicionais, ele deve ser capaz de acelerar o processo de cura através de um princípio ativo que estimule as respostas biológicas para cicatrização.

Portanto, para maior eficácia dos curativos inteligentes devemos ficar atento as tecnologias envolvidas nos princípios ativos presentes e na sua forma de ação. Nesse cenário, as nanopartículas de prata e os nanoencapsulados são fortes candidatos para o desenvolvimento de curativos inteligentes mais eficientes!


Nanopartículas de prata: o ativo mais poderoso do mercado

Dentre os nanomateriais capazes de potencializar a ação de curativos inteligentes, destacam-se as nanopartículas de prata, por apresentarem ação antisséptica devido ao seu alto poder antimicrobiano [4]. Dessa forma, quando incorporadas em curativos, elas combatem infecções minimizando a resposta inflamatória local e facilitando a cicatrização das feridas. O grande diferencial das nanopartículas de prata frente a outros antissépticos é a ação antimicrobiana de amplo espectro sem induzir um aumento da resistência microbiana [5]. Quando nanoestruturada, a prata é altamente eficiente no combate a Staphylococcus aureus e a Pseudomonas aeruginosa, sendo essas as bactérias mais comumente envolvidas em infecções de feridas.

A literatura mostra que em teste realizado em feridas de ratos albinos, a aplicação tópica de nanopartículas de prata levou a uma redução da área da ferida, aumento da deposição de colágeno, poucos macrófagos, edema tecidual e mais fibroblastos [6]. Em camundongos com lesão térmica, revestimentos de nanopartículas de prata em curativos reduziram a inflamação e a presença de cicatrizes, eliminaram o crescimento bacteriano, acelerando a cicatrização [7].

Junto com sua característica importante na prevenção de infecções, estudos realizados em modelos de feridas ex vivo demonstram que as nanopartículas de prata também podem impulsionar a diferenciação de fibroblastos em miofibroblastos, que por sua vez promove a contração da ferida, acelera a taxa de cicatrização e estimula a proliferação e realocação de queratinócitos [8].

Com a tecnologia da S³nano, essa inovação se torna possível! Com alta estabilidade e compatibilidade, as nossas nanopartículas de prata são facilmente incorporadas em tecidos e não tecidos, possibilitando a confecção de curativos, além de serem hipoalergênicas e dermatologicamente testadas. Ou seja, segurança e tecnologia alinhadas para o seu bem estar!


Ação potencializada: nanoprata + nanoencapsulados

Os nanoencapsulados tem como princípio envolver e proteger ativos em cápsulas de tamanho nanométrico. Você pode conferir a definição na íntegra aqui! Através dessa tecnologia, é possível aumentar a estabilidade, permeação e retenção cutânea do ativo. Ademais, tais envoltos são também conhecidos como nanocarregadores, pela capacidade de transportar ativos nanoencapsulados. Além de permitir uma ação potencializada, devido a possibilidade de liberação controlada e/ou direcionada de ativos para locais ou células-alvo em específico.[9,10]

Graças a essas características, os nanoencapsulados tem ganhado destaque em situações que buscam entrega localizada de ativos, sendo muito aplicado no segmento de dermocosméticos e medicamentos.

Outro ponto que merece atenção é que, quando submetidos ao processo de encapsulamento, os ativos podem ser incorporados em diferentes materiais. Entre eles, os têxteis, incluindo os tecidos e não tecidos. Assim, criam-se inúmeras possibilidade de desenvolvimento de uma nova linha de curativos inteligentes, no qual os ativos serão liberados nas camadas mais internas da derme, promovendo o processo de cicatrização de dentro para fora.


Nanocápsulas de óleo essencial de lavanda para curativos inteligentes

Um ativo natural de grande interesse para incorporação em curativos inteligentes é o óleo essencial de lavanda.[2] Na verdade, ele já é muito utilizado como auxiliar do processo de cicatrização. Porém, está normalmente associado a formulações de uso tópico. Ou seja, medicamentos aplicados diretamente sobre a pele, como as pomadas, por exemplo. Esse tipo de aplicação minimiza o potencial do composto, visto que os princípios ativos possuem baixa estabilidade as condições ambientes, como a incidência de luz e umidade.

Sabendo disso, a tecnologia de encapsulamento surge como um diferencial. Através dela, é possível incorporar o óleo essencial da lavanda em têxteis, com proteção do ativo e estabilidade, além de propiciar maior permeação na pele e liberação controlada. Ou seja, cria-se um curativo capaz de tratar a ferida de forma altamente eficaz e direcionada.

Vale destacar que a ação dos ativos presentes no óleo essencial da lavanda já é bem conhecida. Entre os benefícios, cita-se que eles são capazes de aumentar significativamente os níveis da proteína TGF-b (fator de transformação do crescimento beta). Tal composto está intimamente relacionado a proliferação de miofibroblastos, células que desempenham papel fundamental na contração, ou seja, fechamento da ferida.

Além disso, quando incorporado em mistura, permitindo ação combinada de ativos, o óleo essencial de lavanda inibe a proteína PAI-1. Dessa forma, há um aumento na velocidade de degradação da fibrina e evita-se a formação excessiva de tecido conjuntivo ao longo do processo de cicatrização. Como resultado, obtém-se melhores aparências no local cicatrizado e redução de cicatrizes.[11]


Dessa forma, a incorporação combinada desses ativos em têxteis tecidos e não tecidos apresenta um enorme potencial para o desenvolvimento de uma nova linha de curativos inteligentes!

Então, que tal ir além dos tratamentos convencionais e lançar no mercado uma solução inteligente e eficaz? Entre em contato com a nossa equipe de especialistas e descubra como se destacar através da nanotecnologia!



Referências

[1] NUSSBAUM, Samuel R.; CARTER, Marissa J.; FIFE, Caroline E.; DAVANZO, Joan; HAUGHT, Randall; NUSGART, Marcia; CARTWRIGHT, Donna. An Economic Evaluation of the Impact, Cost, and Medicare Policy Implications of Chronic Nonhealing Wounds. Value In Health, [S.L.], v. 21, n. 1, p. 27-32, jan. 2018. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.jval.2017.07.007.
[2] JACM. 2020 Jul; 26(8):680-690
[3] FAN, Kenneth; TANG, Jennifer; ESCANDON, Julia; KIRSNER, Robert S.. State of the Art in Topical Wound-Healing Products. Plastic And Reconstructive Surgery, [S.L.], v. 127, p. 44-59, jan. 2011. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1097/prs.0b013e3181fbe275.

[4] Materials. 2019 Aug; 12(16):2540.
[5] J Am Coll Clin Wound Spec. 2012 Jun 4;3(4):82-96
[6] Int J Biol Macromol. 2018 Aug; 115:165-175
[7] Int. J. Mol. Sci. 2018; 19(7):2030
[8] Chemmedchem. 2010 Mar; 5(3):468-475
[9] ZHOU, Hong; LUO, Dan; CHEN, Dan; TAN, XI; BAI, Xichen; LIU, Zhi; YANG, Xiangliang; LIU, Wei. Current Advances of Nanocarrier Technology-Based Active Cosmetic Ingredients for Beauty Applications. Clinical, Cosmetic And Investigational Dermatology, [S.L.], v. 14, p. 867-887, jul. 2021. Informa UK Limited.
[10] APOLINÁRIO, Alexsandra; SALATA, Giovanna; BIANCO, Arthur; FUKUMORI, Claudio; LOPES, Luciana. ABRINDO A CAIXA DE PANDORA DOS NANOMEDICAMENTOS: há realmente muito mais espaço lá embaixo. Química Nova, [S.L.], v. 43, n. 2, p. 212-225, 2020. Sociedade Brasileira de Quimica (SBQ).
[11] Biochimie Open. 2017 Dec; 5:1-7

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